A História
do Graffiti
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O
vestígio mais fascinante deixado pelo homem através dos
tempos em sua passagem pelo planeta foi, sem duvida a
produção artística. Desta , a manifestação mais
antiga, com certeza, foram os desenhos feitos nas paredes
das cavernas. Aquelas pinturas rupestres são os
primeiros exemplos de graffiti que encontramos na
historia da arte. Elas representam animais, caçadores e
símbolos muitos dos quais , ainda hoje , são enigmas
para os arqueólogos , mas que de fato são significantes
aos seres daquele contexto , como uma forma de expressão
ou talvez transcrição do momento histórico. Não
sabemos exatamente o que levou o homem das cavernas a
fazer essas pinturas , mas o importante é que ele
possuía uma linguagem simbólica própria. Nessa época
os materiais utilizados eram terras de diferentes
tonalidades, sucos de plantas, ossos fossilizados ou
calcinados, misturados com água e gordura de animais.
Hoje , usamos tintas em spray ou mesmo em latas , e não
pintamos cervos e bisões , mas sim idéias , signos ,
que passam compor o visual urbano, talvez o contexto
atual, decorrente de uma evolução, participante da arte
também.
Maurício Villaça , um dos precursores da arte do
graffiti no Brasil , partilhava da idéia de que graffiti
são também as garatujas que fazemos desde a mais tenra
idade, os rabiscos e gravações feitos em bancos de
praça, banheiros, até mesmo aqueles que surgem quando
falamos ao telefone. Assim , também o graffitar que se
difunde de forma intensa nos centros urbanos significa
riscar, documentar de forma consciente ou não , fatos e
situações ao longo do tempo . Diz respeito a uma
necessidade humana como dançar , falar , dormir , comer
, etc.É possível dissociar essa necessidades humanas da liberdade de
expressão .
Não existe graffiti ou quem produza de forma não
democrática. Alias , o graffti veio para democratizar a arte, na
medida em que acontece de forma arbitraria e descomprometida com
qualquer limitação espacial ou ideológica. Todos os segmentos
sociais podem vir a ser lidos pelos artistas do graffiti, assim
como seus símbolos espalhados pela cidade podem ser lidos por
todos, pois o graffiti engloba um linguajar e uma forma de
expressão bastante ampla em sua contextualização , |
são
diversas influencias talvez, não se pode dizer que o graffiti
seria talvez uma "vanguarda", pois o propósito
fundamental do graffiti , não é apenas cores fortes, traços
leves, e assim por diante, são diversos recursos com a
intenção de compor o espaço urbano de modo a estabelecer uma
maior identificação com o leitor .
A palavra aqui usada e a grafia adotada (graffito) , que vem do
italiano, inscrição ou desenhos de épocas antigas , toscamente
riscados a ponta ou a carvão , em rochas , paredes etc. Graffiti
é o plural de graffito . No singular , é usada para significar
a técnica (pedaço de pintura no muro em claro e escuro). No
plural , refere-se aos desenhos (os graffitis do Palácio de
Pisa), a respeito de outras grafias adotadas, escolhi a de origem
italiana , por que há palavras , que devem permanecer em sua
grafia original pela intensidade significativa com a qual se
textualiza dentro de um contexto.
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Já no
século XX , pintores mexicanos utilizando-se das
técnicas da pintura mural , decoravam edifícios
públicos. Como nos enormes murais executados por Diego
Rivera , José Clemente Orozco e David Alfaro Siqueiros,
quando convidados pelo então intelectual revolucionário
José Vasconcelos , na ocasião em que, após uma serie
de golpes de Estado , sobe ao poder. Em 1905, Dr. AIL
(pseudônimo do pintor Bernardo Carnada) publicou um
manifesto defendendo a necessidade de uma arte publica.
Em Barcelona , quinze anos mais tarde , Siqueiros fez
apelo aos artistas da América proclamando a necessidade
de se lançarem todos à tarefa de promover uma arte
capaz de fala às multidões. "Pintaremos os muros
das ruas e das paredes dos edifícios públicos, dos
sindicatos, de todos os cantos onde se reúne gente que
trabalha " afirmou Siqueiros.
No Brasil dos anos 50 , vários murais arrematavam as
fachadas dos edifícios narrando temas da historia e da
arte brasileira , como o realizado por Di Cavalcanti ,
com cerca de 15 metros de comprimento , na fachada do
Teatro de Cultura Artística , na região central de São
Paulo. Todos esses dados sobre muralismo , junto com a
pop art , já apontavam para origem do graffiti
contemporâneo enquanto expressão artística e humana.
Essa manifestação , que começa a surgir no Brasil já
nos anos 50, com a introdução do spray, segue pelos 60,
passa pelos 70 e se consagra como linguagem artística
nos anos 80, conquistando seu espaço na mídia, chegando
à Bienal , a manchetes de jornais e até a novelas de
TV, seguindo pelos anos 90 , e assim diante, em constante
evolução. |
Considerando pós-moderno , não podemos confundi-lo com pinturas
em muro que, não advindo do novo, se enquadram , de uma forma ou
de outra, nos padrões convencionais de pintura e não possuem
uma produção considerável. Vale lembrar que toda
manifestação artística representa a situação histórica em
que esta ocorre , não por que necessariamente toda arte deva ser
engajada, mas porque é realizada pelo sujeito histórico dentro
de um contexto histórico-social e econômico. No entanto , o
graffiti utilizando-se da cidade como suporte , a de retratar a
situação , nesse meio presenciada ou vivida , assim relaciona
automaticamente com a pichação também, cujo seu veiculo de
existência também é o espaço urbano. Assim como o graffiti a
pichação interfere no espaço , subverte valores, é
espontânea , gratuita , em fim . Mas há diferenças, entre o
graffiti e a pichação , é que o primeiro (graffiti) advém das
artes plásticas e o segundo da escrita, ou seja, o graffiti
privilegia a imagem, a pichação , a palavra ou a letra , sempre
retratando o que a de convir ao contexto .
O graffiti ao utilizar o meio urbano como forma de expressão,
contrario aos demais movimentos artísticos , que se inserem na
sociedade através de um trabalho muitas vezes planejado e
exposto em galerias e museus , faz com que seja bastante
questionado. Um dos aspectos conceituais mais interessantes
encontrados nessa linguagem (graffiti), é sem duvida, a questão
da proibição, sempre presente , talvez um preconceito ou mesmo
uma falta de informação a respeito do que acontece e a arte
final prescrita no muro , faz com que muitos da população ajam
a favor dessa proibição, ao visualizar esse tipo de ação. Ao
observamos essa opressão, ou melhor dizendo essa proibição ,
percebemos que ela está ligada ao conceito de propriedade
privada, ou seja, o que pensara o proprietário do espaço ao ver
sua propriedade graffitada , sem sequer ser comunicado .
Engloba uma questão bastante ideológica ao referirmos a esse
aspecto , porem a de convir que o graffiti por sua natureza
intrínseca, sempre será marginal. Mas se focalizarmos o aspecto
de pratica com as técnicas, de proposta de trabalho e de
amadurecimento das obras , reconheceremos, num primeiro momento,
uma fase de domínio marginal. Fase em que os artistas em
"roles" pelas ruas da cidade pesquisavam e realizavam o
graffiti basicamente preto e branco. Porem esse estilo, se é que
podemos taxar dessa maneira, ainda tem suas raízes atuais , o
fato de fazer graffitis com pouca elaboração e de maneira
ilegal ainda aflora-se na mente dos artistas , assim podemos
confirmar observado-se a cidade como um todo, e que em sua
maioria é tomada por esse estilo, descrito como bombing , ou
mesmo thronw-up, numa representação espontânea.
No entanto não podemos, dizer que a população vem encarando o
graffiti a cada dia que se passa como um meio artístico da
cidade, podem até afirmar isso , porem discordam da ação,
assim vejo que a proibição está , mais do que nunca , em pauta
. Vejamos , o presidente da Republica sancionou um lei ambiental
, talvez nos anos 90 , um tempo atras , de numero 9.605, que
entrou em vigor , no inicio de 1998, que alem de conceituar o
graffiti e a pichação sem estabelecer distinção alguma, os
declara crime contra o meio ambiente passível de penalidades .
Paradoxalmente , esse impedimento do exercício coletivo de
liberdade de criação contribui para que os artistas continuem
na busca da perfeição , focos para alguns, superação , e
firmar-se acima das possíveis criticas e da aceitação maior do
publico, porem abrindo um leque também para , novamente a
questão, a ação ilegal , que muitos a justificam pelo fato de
haver uma proibição, e o ilegal é legal.
A trupe de graffiti americano , começou a despontar em 1980,
junto com o movimento hip hop, fazendo parte dos tão falados 4
elementos, que no caso se ligam diretamente ao rap , são os DJ's
, nos toca discos ,os MC's , no microfone, mandando sua mensagem,
os B.Boys , entrando no compasso do rap com danças criativas, e
os graffers , colorindo o meio em que passam. No Brasil esse
estilo não só invadiu o metrô , varias experiências foram
realizadas em termos de técnica , pois no inicio só se via um
tipo de traço de spray. O tamanho padrão das latas, com jatos
relativamente grossos, fez com que se buscassem novas
possibilidades de variação de bicos. Assim percebeu-se que
desodorantes e inseticidas possuíam bicos que produziam traços
mais finos. A partir daí, descobriu-se que extraindo um pouco de
ar da lata de tinta spray seu jato torna-se menos denso, e o
traço mais fino , e assim fora se aprimorando. Por ultimo,
tivemos a utilização do compressor, substituindo a lata de
spray, porem muitos dos graffiteiros discordam da utilização
dele pois alem de substituir as latas está substituindo o
próprio graffiteiro, deixando o de comparsa a uma maquina .O
estilo americano começou realmente a ser realizado em grande
escala em 1989, com os gêmeos Gustavo e Otavio , Speto, Binho,
Tinho e ,ainda, o excelente grupo Aerosol, que se destacaram
entre outros. Hoje em dia, alem das letras coloridas,
caracteristica do graffiti americano , estão aparecendo desenhos
elaborados , partindo de apurada técnica. Esses desenhos
traduzem o universo hip-hop em suas mais variadas nuances, com
figuras humanas dançando, pensando, cantando , etc...bastante
americanizado, porem , os mesmo estão caminhando para uma
evolução, como podemos presenciar , esse estilo americano, esta
sendo bastante abrasileirado, e assim expondo nossa cultura a
população , assim entretendo e passando informações ao
publico.
Fonte: http://intra.vila.com.br/sites_2002a/urbana/grapixo/histgraf.htm